segunda-feira, fevereiro 02, 2004
Sábado passei meu último dia no sítio. Na verdade, uma casinha de campo com piscina e horta que era do meu pai, localizada no Guaíba Country Club, em Eldorado do Sul.
Lugar adorável por muitos e muitos anos, era muito bem cuidado pela minha mãe (responsável pela limpeza e organização da casa em si) e pelo meu pai (que assumia a mesma função, porém na parte externa: gramado, horta, piscina). Com as tarefas divididas, tudo era maravilhoso naquele lugar tão especial, que foi comprado quando meus irmãos – hoje com 37 e 41 anos – ainda eram pré-adolescentes.
Nos últimos anos, porém, o lugar virou motivo mais de preocupação do que de lazer. Minha mãe, que é portadora do Mal de Alzheimer, parou de cuidar de qualquer coisa. E meu pai, sozinho, não podia fazer tudo ao mesmo tempo. Ou seja, ele continuou cuidando da parte que lhe cabia, mas, para a casa, não dava muita atenção. A falta de grana também acabou com planos de reforma. A casinha ficou meio abandonada.
Some-se a tudo isso a incapacidade de minha mãe para acionar algum filho caso meu pai tivesse algum problema de saúde no Guaíba – em boa parte das vezes, os dois iam sozinhos para lá, e nenhum deles é mais criança. Ô doença implacável essa da minha mãe. Simplesmente as coisas vão se apagando na memória, nem do telefone da própria casa ela lembra. Aliás, ela desaprendeu a discar um número, a fazer ou atender uma ligação. É bem assim.
É triste ver uma história toda se perder no passado, simbolizada através da venda do sítio. Chorei, sim, não apenas porque nunca mais iremos para lá, família toda reunida em volta da piscina tomando chimarrão e comendo churrasco, mas porque isso significa uma mudança forçada. Fiquei com dois corações...
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