segunda-feira, setembro 24, 2007

Jandira (Murilo Mendes)

O mundo começava nos seios de Jandira.
Depois surgiram outras peças da criação: Surgiram os cabelos para cobrir o corpo, (Às vezes o braço esquerdo desaparecia no caos). E surgiram os olhos para vigiar o resto do corpo. E surgiram sereias da garganta de Jandira: O inteirinho ficou rodeado de sons Mais palpáveis do que pássaros. E as antenas das mãos de Jandira Captavam objetos animados, inanimados, Dominavam a rosa, o peixe, a máquina. E os mortos acordavam nos caminhos visíveis do ar Quando Jandira penteava a cabeleira...
Depois o mundo desvendou-se completamente, Foi-se levantando, armado de anúncios luminosos. E Jandira apareceu inteiriça, Da cabeça aos pés. Todas as partes do corpo tinham importância. E a moça apareceu com o cortejo do seu pai, De sua mãe, de seus irmãos. Eles é que obedecem aos sinais de Jandira Crescendo na vida em graça, beleza, violência. Os namorados passavam, cheiravam os seios de Jandira E eram precipitados nas delícias do inferno. Eles jogavam por causa de Jandira. Deixavam noivas, esposas, mães Por causa de Jandira. E Jandira não tinha pedido coisa alguma. E vieram retratos no jornal E apareceram cadáveres boiando por causa de Jandira. Certos namorados viviam e morriam Por causa de um detalhe da boca de Jandira. Um deles suicidou-se por causa da boca de Jandira. Outro, por causa de uma pinta na face esquerda de Jandira. E seus cabelos cresciam furiosamente com a força das máquinas; Não caía nem um fio, Nem ela os aparava. E sua boca era um disco vermelho Tal qual um sol mirim. Em roda do cheiro de Jandira A família andava tonta. As visitas tropeçavam nas conversações Por causa de Jandira. E um padre na missa Esqueceu de fazer o sinal da cruz por causa de Jandira.
E Jandira se casou. E seu corpo inaugurou uma vida nova, Apareceram ritmos que estavam de reserva, Combinações de movimento entre as ancas e os seios. À sombra do seu corpo nasceram quatro meninas que repetem As formas e os sestros de Jandira desde o princípio do tempo.
E o marido de Jandira Morreu na epidemia da gripe espanhola. E Jandira cobriu a sepultura com os cabelos dela. Desde o terceiro dia o marido Fez um grande esforço para ressuscitar: Não se conforma, no quarto escuro onde está, Que Jandira viva sozinha, Que os seios, a cabeleira dela transtornem a cidade E que ele fique ali à toa.
E as filhas de Jandira Inda parecem mais velhas do que ela. E Jandira não morre, Espera que os clarins do juízo final Venham chamar seu corpo, Mas eles não vêm. E, mesmo que venham, o corpo e Jandira Ressuscitará inda mais belo, mais ágil e transparente.

lamento

Governo anuncia reajuste na tabela do SUS, mas condicionado à prorrogação da CPMF. filhos da puta.

segunda-feira, setembro 17, 2007

ah, tá

um índio foi espancado até a morte, domingo de madrugada, em Miravânia (MG). Três rapazes, de 15, 16 e 18 anos, confessaram o crime. Mas, conforme a polícia, disseram tê-lo feito sem intenção. me diz uma coisa: como é que tu matas alguém sem intenção? pensar que esse tipo de gente existe me preocupa. mas fica pior ainda se eu pensar que são jovens, que têm um futuro (sem caráter) pela frente. e que, justamente pela idade, ficarão impunes.

domingo, setembro 16, 2007

it's not going to stop 'til you wise up so just give up

sexta-feira, setembro 14, 2007

lindos

iuris e o rio. ai, que saudades, fellows.

quarta-feira, setembro 12, 2007

indefesa

um sentimento ruim está no ar. não sei bem defini-lo, mas está ali, permeado basicamente pelo estresse e pelo desgaste nas relações humanas. é um sentimento de defesa. percebe-se pessoas armadas. mas não de revólveres. ou de facas. ou de quaisquer outros instrumentos mortais. e sim de algo que não é palpável, mas fere ainda mais do que se fosse. e enrijece ainda mais as relações. em vez de um coração aberto, um peito na defensiva. em vez de um olhar, um medo. se eu te falo "que engraçado", tu vens com um "tá me chamando de palhaço?". tu não pensas "poxa, como é engraçado". tu sorri com sarcasmo. sem alegria. e eu só estava falando da leveza. e tu pensas que estou contra ti. as pessoas andam armadas, atiram a esmo e nem percebem o estrago que estão fazendo ao seu redor. não é esse o meu mundo.

terça-feira, setembro 11, 2007

saudades

hoje alexandre lace estaria completando 32 anos.

segunda-feira, setembro 10, 2007

diversão

olha um bom momento aí. como o assunto do blog é o meu apartamento, vou começar dizendo que duas dessas meninas já conhecem meu lar, outras duas, não. mas isso nem tem a ver com o assunto. o assunto é a festa da rébs, que aconteceu no sábado e que me fez ficar bem empolgada para continuar me divertindo depois (é, acabou cedo, 1h). tava tudo bom demais (só ficaria melhor se eu tivesse ganhado uma tevê de plasma – foram sorteadas dez). e o melhor de tudo foi curtir a maior parte da noite com essas gurias queridas aí da foto, que são do bem. o que a gente riu... depois, eu coloquei em prática o conceito multimídia: dancei com o pessoal da rádio, da tevê e do jornal. uhuuu! tava bem bom mesmo. ah, da direita pra esquerda: a lu bemfica, a rô monteiro, a flávia requeijão e a aline custódio. embaixo, eu, com cara de gorda, tirando a foto com o celular da aline.

descobri!

tinha gente que estava na praia. tinha uns que já faziam festa e não ouviram o priiim-priiiim, ou sentiram o vrrrr, vrrrr. tinha outros que, de tão alucinados, não conseguiram nem coordenar os movimentos para atender o telefone. mas teve gente que ligou. incrivelmente.

domingo, setembro 09, 2007

lamento

ouvir daniel no altas horas quando, na verdade, eu queria estar na rua, nessa noite quente, é dose para cachorro... onde estão as pessoas? cadê os celulares?

sábado, setembro 08, 2007

óó!

Então, não era pra ficar impressionada?
Pois eu fiquei mesmo.
Nem apagaram o blog! Viva!
(apesar de que eu nem sei se não teria sido melhor... hihihi)

caramba

foi olhando o blog de um amigo que eu lembrei do meu, quase falecido. fui fuçar no endereço, mas tava dando inválido. na terceira tentativa, incrédula, consegui! abri meu blog de novo! e pensei que ele já tinha sido apagado pelo blogger, após quase dois anos sem uso. mas não. bem bom, porque qualquer espécie de diário é muito bacana de se ler (e analisar) um bom tempo depois de ter sido feito. então cá estou, de volta. dei uma olhada nos posts mais antigos, lá de 2003, 2004. impressionante o quanto a gente amadurece. essa coisa de morar sozinha, hoje, percebo que foi a melhor coisa que fiz. ter meu canto, meu espaço, é imprescindível. sou muito feliz no meu lugarzinho, que agora tem uma parede laranja e outra roxa. e fui eu que fiz! cheio de sentimentos, de vida. esse é o meu lugar. por enquanto.