terça-feira, agosto 10, 2004

FOGO!!!!!

Cinco e meia da manhã. Acordo. Cheiro de papel queimado no ar. Meu cérebro sonolento não processa bem a mensagem, e eu ouço barulho de pessoas. Parece uma briga. "Será que um ladrão invadiu um apartamento?", penso. Na expectativa de ouvir alguém sendo jogado por uma janela, me levanto e vou até o banheiro, tentar escutar conversas através do poço de luz. "...é na República, meia dois...", alguém fala ao telefone. Ao acender a luz do quarto, fumaça em todo ele. Na rua, uma mulher grita "tá pegando fogo!". Tiro a calça do pijama, visto um jeans e jogo um blusão de lã por cima da blusa do pijama. Pego meu celular e ligo para o 190. "Venham logo", digo. Pego minha bolsa e desço até o segundo andar, onde encontro meu vizinho Tiago em pânico e um pouco queimado. Muita fumaça. Abro a porta para o Bombeiros. Prédio evacuado. Todos os moradores parados na calçada, aguardando. Muitos com cães e gatos no colo, vários idosos de chambre, alguns com dificuldades para caminhar. Nem sinto frio de tão tensa, apesar dos menos de 10 graus e da minha pouca roupa. Uma pessoa totalmente sem noção, sem o menor tato para acalmar multidões, diz uma bobagem sem tamanho: "não se preocupem, o único apartamento que corre risco é o 305". "Que por acaso é o meu!!!!", respondo. Só vi o sujeito se retirando. Enquanto isso, rezo, agarrada no terço que ganhei das irmãs do Hospital Mãe de Deus quando fui operar meu dedo, em maio, e que carrego sempre na bolsa. Um PM entra no prédio. Desce em seguida. "Meu apartamento foi atingido?", eu, em desespero. "Não, o fogo foi controlado". Suspiros de alívio. Mais meia hora até poder subir. Muita fumaça preta ainda nos corredores. Na minha casinha, vidros trincados nas janelas do quarto e minha pobre cortina de PVC num momento "brochei", junto ao marco das aberturas. Um PM vai até lá para conferir o pequeno estrago. "Que alemãezinhos são esses?", pergunta, olhando a foto dos meus sobrinhos Pedro e João no mural, que, graças ao bom Deus, como o resto dos meus móveis e utensílios, escapou ileso do susto. O chão do quarto arde. Parece uma sauna. E o fedor de fumaça toma conta de tudo – roupas, cobertas, toalhas, paredes. Mas eu não me importo. Poderia feder muito mais, desde que eu não tivesse que juntar as cinzas das minhas coisas, como teve de fazer o Tiago, que perdeu todos os documentos, todas as roupas, todo o quarto. Definitivamente, sou uma pessoa de muita sorte. Ao conferir o estrago no 205, essa foi minha conclusão. Para aliviar a tensão, assisti Mulher Gato em cabine de imprensa. Um começo de semana bem divertido para quem gosta de movimento.

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